quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Noite Passada

Eu não dormi a noite passada. Não que fiquei pensando em você, não pense besteira, eu só não consegui dormir a noite passada. Fique remoendo todos sentimentos possíveis e imagináveis. Lembrei de coisas que não achei que não lembrasse mais… O cheiro do perfume, a tristeza do cinza, a alegria do azul, os dias… normais, banais. Informalidade era o nome do jogo, sempre foi na verdade. ‘Odeio o jogo, não o jogador.’ Que vão à merda. Todos tão culpados quanto aqueles que aplaudem e vaiam. Eu sinto nojo, raiva, tristeza. Não era assim, e valorizo os momentos em que me esqueço disso.
A voluntariedade involuntária da mente me espanta, é tão inocente.

Eu não dormi a noite passada. Tentei lembrar o que queria esquecer, e depois tento esquecer tudo que queria lembrar. Do perfume, dos dias, as vezes tão iguais. Nada cabe dentro dessa caixa, tudo é demais. É Sol que nunca ilumina a Escuridão. São passos que não ecoam no chão.
Senti o frio da noite, a garganta queimando, uísque e cigarro. Tudo isso por algo que morreu? Ou para me sentir vivo? É vazio, mas me preenche. É desesperador… ao mesmo tempo, me alivio. Tenho a doença e o remédio, no mesmo lugar, fora de alcance. À deriva da voluntariedade involuntária.

E ai vejo você. Sinto tudo e não sinto nada. Uma lembrança vaga. Cor azul e cinza combinadas. O peso da consciência e o alívio da garganta que traga.

Acho que não dormirei essa noite também.